Por Eduardo Fernandes.
Transcrição #
E assim chegamos a novembro. Os anos estão cada vez mais parecidos com aqueles saltos temporais de filmes de ficção científica. Você pisca e já está em outro tempo / espaço.
É por isso que já está na hora de começar a se preparar para a grande epopeia, o épico, o cataclisma que vem por aí, em 2020. O sinistro Ano de Eleição.
Parece brincadeira, mas já é possível imaginar a quantidade de agressão e divisão que devem acontecer no país durante a próxima disputa eleitoral.
Se as coisas continuarem no ritmo em que estão agora, muitas amizades devem terminar, o radicalismo pode crescer e a violência cognitiva deve se espalhar pelas redes sociais.
Isso sem falar na desinformação e na manipulação que teremos que enfrentar.
É que tanto a direita, quanto a esquerda e, claro, as empresas do capitalismo de vigilância aprenderam a manipular e distorcer o discurso do ativismo e crítica social. Assim, será um ano de intenso estresse cognitivo, de ter que navegar no meio de uma constante turbulência ideológica.
Se considerarmos as recentes denúncias contra o Facebook, as pesquisas internas que a ex-funcionária da companhia, Frances Haugen vazou, é de se imaginar que as empresas do capitalismo de vigilância, como a Amazon, Google, Twitter, TikTok e o ex-Facebook já estão se preparando para a eleição.
Para elas, será uma espécie de Black Friday. Muita gente se digladiando on-line, publicando cada vez mais, reagindo emocionalmente e, espera-se, clicando em mais anúncios.
Os Facebook Papers mostraram que esse é o modelo de negócios: amplificar a balbúrdia para nos fazer ficar mais tempo nas plataformas, gerar mais vendas e metadados (e tem gente que pensa que o Facebook mudou de nome para Meta só por causa do metaverso).
Então, 2022 será uma festa. Se somos o produto, estaremos em liquidação.
Assim, a grande pergunta é: como nos preparar para a Black Friday Eleitoral? Como evitar a pandemia de consumo de mídia que já está se anunciando?
Como evitar nos engajar cegamente em ativismo manipulado e entretenimento político, que destruiriam uma oportunidade de, pelo menos, nos livrar de parte das células cancerígenas que vêm destruindo o país?
Que tipo de medidas de redução de danos poderemos implementar em meio a essa bad trip que vem por aí? Que políticas de distanciamento cognitivo conseguiremos aplicar para evitar que sejamos polos de contágio para um futuro ainda pior para o país?
É melhor pensar agora, enquanto ainda não estamos no calor da hora. Porque, quando o debate estiver acelerado, provavelmente estaremos ocupados mirando uns nos outros, perdendo a capacidade de pensar sistemicamente.
Sinceramente, eu ainda não sei como me preparar para 2022. É por isso que daqui até o fim do ano, farei uma série de programas tentando investigar essa questão.
Vou tentar pensar, passo a passo, como minimizar, pelo menos do ponto de vista comportamental, o sofrimento cognitivo do ano que vem. O plano é apresentar ideias, recomendar filmes e livros que esbarrem nesses problemas.
Vamos, juntos, tentar fortalecer nosso sistema imunológico para a luta do ano que vem. Um pouco como naquele filme dos anos 80, o Rocky IV: enquanto as empresas do capitalismo de vigilância têm dados científicos e aparelhos precisos, nós precisaremos treinar no frigorífico, correr atrás de galinhas, usar o que tivermos à mão.
Se você quiser colaborar com essa investigação, sugerindo tópicos e abordagens, é só escrever. Vamos nessa juntos, Adrian!
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