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A vingança do metaverso

A vingança do metaverso

Por Eduardo Fernandes.

Foto de Stella Jacob, via Unsplash.

Parece que o metaverso voltará aos trending topics. É esperado que a Apple lance seu headset de realidade aumentada / virtual nesta semana. E a Meta também anunciou seu Quest 3, que custará a facadatela de U$ 499,99. Será que agora a coisa vai pra frente?

Analistas da imprensa de entretenimento tecnológico arriscam que o novo equipamento da Apple pode causar um impacto cultural semelhante ao do lançamento do iPhone.

Ahã.

Depois de meses de terremotos sucessivos de lançamentos de IA, talvez estejamos escaldados. Tudo parece marola. Há tanto discurso superlativo por aí que o preço da revolução caiu pro do reformismo. Promoção.

De qualquer forma, a segunda intentona do metaverso deve vir turbinada pela IA, o que pode mudar bastante o cenário. Pelo menos, na velocidade de lançamentos de produtos.

Se ficar fácil, rápido e barato produzir coisas no metaverso, talvez haja uma maior diversidade de visões surgindo por lá. Afinal, quem é que não desejaria ter uma experiência imersiva de extrema-direita, né? Terra plana em 3D? Uau.

Estou zombando, mas, no mês passado, tive que rever meus preconceitos sobre o metaverso. Fui contratado pra escrever roteiros de uma série de podcasts sobre uma parceria da Accenture com a Voz dos Oceanos.

Entrevistei diversos profissionais dessa área pra contar os bastidores de um projeto interessante. Os desenvolvedores da Accenture recriaram virtualmente o ambiente de um oceano. Em 3 semanas. Tudo pra chamar atenção pro problema do lixo plástico jogado no mar.

No processo de pesquisa pro podcast, conheci outras tentativas de criar ativismo no metaverso. Ou, pelo menos, usar essa tecnologia pra educação. No mínimo, pra sensibilizar o público pra questões sociais, como a superlotação nas cadeias.

Obviamente, os desenvolvedores de tecnologias imersivas detestam que a Meta tenha sequestrado o debate sobre o metaverso. Muitos de nós passamos a acreditar que o metaverso tenha apenas espaços toscos e extremamente comerciais.

Talvez o anúncio do headset da Apple seja um primeiro passo pra mudar essa percepção. Pelo menos pra aumentar a sensação de que há alguma diversidade de ideologia e de propósitos no metaverso.

Não estou exatamente empolgado. É que cada vez mais me interesso por baixa tecnologia, zines, pé no chão, texturas, árvores, etc. Experiências imersivas orgânicas. Ando mais pra Home Depot, Leroy Merlin, do que WWDC. Mas vou ficar de olho nessa nova “revolução”.


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