Por Eduardo Fernandes.
O intelectual francês Edgar Morin, que criou o conceito de auto-eco-organização.
Dias atrás, estava me perguntando, afinal, qual é o meu nicho e reescrevendo a “missão” do meu site. Cheguei nisso: “Tecnologia, crítica cultural e autoconhecimento”. Ainda não estou feliz com a frase, mas ficou assim mesmo, por falta de algo melhor.
Por um lado, ela dá a ideia de que, se trato de tecnologia e crítica cultural, meu foco é no autoconhecimento. Se, por exemplo, falo de Elon Musk, procuro a elonmuskizidade que pode haver em mim mesmo e, talvez, em mais gente. Não é simplesmente um ato de apontar dedos, mas de olhar para o próprio dedo que aponta.
Ainda assim, chamar esse exercício de autoconhecimento é algo bem impreciso. Assim, pensei em evitar a palavra e usar uma terminologia na linha do que escrevia o Edgar Morin.
Ele criou o conceito de “auto-eco-organização”, basicamente sugerindo que nós somos inseparáveis do ambiente e da sociedade. Leia O Método 4 para uma compreensão mais profunda do conceito.
No meu caso, um pouco por piada, claro, cogitei inventar algo como “auto-socio-eco-meta-conhecimento”.
Ave Maria.
Vamos dissecar a coisa toda:
- Auto - conhecimento de si, dos seus próprios vieses e hábitos mentais.
- Eco - somos corpos, vivendo num planeta, tudo isso é cheio de ciclos e ritmos que influenciam o processo de conhecimento.
- Socio - vivemos numa sociedade, que dialoga constantemente com narrativas conflitantes e interdependentes.
- Meta - quando conhecemos, tendemos a refletir sobre o próprio ato de conhecer.
E ainda faltam itens, claro. Por exemplo, a dimensão extra-temporal do autoconhecimento. Quando você pensa sobre si, está sempre se referindo (e reconstruindo) dados do passado, projetando o futuro e recriando uma experiência multilinear e complexa que chamamos de “presente”.
Enfim, o que eu queria dizer é que não existe uma palavra boa para substituir “autoconhecimento”. Isso porque nem estou entrando em questões desenvolvidas por autores budistas.
Estava apenas procurando uma frase num nível elevator pitch mesmo. Mas, aparentemente, meu elevador teria que subir o Burj Khalifa para dar tempo de me explicar.
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