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Instagram: o reino da insegurança

Por Eduardo Fernandes.

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Deu no jornal do Jeff Bezos, o Wall Street Jornal: segundo pesquisas do próprio Facebook, o Instagram influencia negativamente uma entre três adolescentes nos EUA.

O estudo se foca no problema da imagem corporal. Promover padrões não-realistas de beleza no aplicativo levaria garotas a desenvolver depressão e até tendências suicidas. É como se o Instagram promovesse um bullying constante: "seu corpo é feio", "você não é apreciada como deveria", entre outros padrões negativos.

Invejagram #

Aqui, seria fácil chutar o cachorro agonizante: "as redes sociais são a nova indústria do tabaco". Porém, são apenas mais um capítulo da exploração de hábitos muito arraigados na espécie humana: no caso, a inveja.

Ainda que seja necessário corrigir (e revolucionar) as redes sociais, a depressão decorrente da insegurança, da comparação e da inveja não será erradicada tão cedo. Nem a golpes de legislação, nem por redesign.

Um velho hábito #

A energia da inveja e da busca por se adaptar a padrões estéticos e culturais vem determinando a história da humanidade desde sempre. Talvez seja um bug / feature da espécie.

A história está repleta de exemplos do poder criativo e destruidor do jogo entre insegurança, comparação e inveja. Quantos impérios, sistemas civilizatórios e líderes nasceram e desapareceram ao brincar com essa energia?

Um detox #

O Buda Shakyamuni denunciou esse problema há mais de 3 mil anos. E acabou propondo um detox, um treinamento contínuo baseado em 5 fatores:

  1. Descentralização. Perceber as necessidades alheias. Regozijar com as conquistas e posses dos outros.

  2. Autoconhecimento. Reconhecer constantemente as limitações e características dos nossos próprios pontos de vista. Quando olhamos para alguém, filtramos e classificamos essa pessoa segundo nossos próprios valores, inseguranças e expectativas.

  3. Meta-conhecimento. Estudar a mecânica do pensamento. Ou seja: como as ideias se formam, como nos apegamos a elas e como elas nos dominam.

  4. Contentamento. Cultivar a aceitação dinâmica daquilo que você é. "Dinâmica" porque mudamos o tempo todo, assim como as circunstâncias sociais que nos influenciam. Assim, não há um eu fixo e concreto que tenhamos que aceitar ou ao qual devemos nos resignar.

  5. Relaxamento. Abandonar a dualidade conformismo versus luta: uma metáfora mais adequada seria a da dança, uma constante renegociação com os ritmos da vida.

Seria possível criar aplicativos que facilitassem esse tipo de visão? Ou estamos condenados a lutar constantemente contra tecnologias e ideologias que só ampliam e fortalecem a comparação e a inveja?

(Aqui há um resumo do estudo do Facebook, sem paywall.)


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