Por Eduardo Fernandes.
Imagem mais comum que aparece quando você busca por "produto minimamente viável" no Google. Carro é mais viável que patinete. Não para um ambientalista.
Tenho um cringe crush por buzz words em inglês. Quer dizer, expressões que “se tornam virais” e que são usadas para empoderar e “despoderar” pessoas ou fenômenos. Por exemplo, “buzz word” é uma buzz word. Aliás, todo o parágrafo está cheio delas — além de um singelo cacófato.
Por exemplo, edgelord. É usada para identificar pessoas extremamente provocativas na Internet, em geral, homens. O praticante usa gatilhos, como nazismo, misoginia, etc. para enganchar oponentes, como alguém que tenta arranjar briga num bar. Como seria isso em português? Rei do Limite? Tradutores, ajudem-me.
Pet peeve é mais fácil: irritação de estimação. Pois eu tenho uma dessas com a expressão minimamente viável, minimum viable, MV, muito usada na área de tecnologia. Você constrói um produto, um escritório, um casamento, um caminho espiritual, tudo MV.
A parte boa é que a ideia de MV combate o perfeccionismo (que é Extremamente Inviável). Faz as coisas andarem. Porém, MV é uma expressão bastante relativa. O que você acha funcional, pode ser o horror para os outros. O seu MV pode ser uma externalidade disfarçada.
MV parece uma expressão humilde, "só que não". No fundo, pode implicar que sabemos o que deveria ser o produto final, apenas não conseguimos entregá-lo agora. Porém, como qualquer programador bem sabe, quando você lança o produto e vê as pessoas interagindo com ele, só aí descobre o quão errado (ou deludido) estava.
Não é que eu odeie a expressão MV. Pelo contrário: acho até que a condição humana (lá vem) é um constante processo de cair em si, de descobrir o tamanho da sua ingenuidade. Num só emoji: 🤦🏾♂️.
Daí a importância do que Nassim Nicholas Taleb chama de via negativa: você constrói muito mais conhecimento ao descobrir o que está errado, é mais fácil saber o que algo não é do que defini-lo corretamente.
MV parece trazer uma promessa de que um dia as coisas ficarão corretas. É uma visão praticamente cristã, de que as coisas podem chegar a um estado de completude, que podem ter um fim claro, uma redenção. Mas, não sei, tudo indica que elas continuarão a se perpetuar, graças à interdependência.
Assim, prefiro algo como hipótese inicial (ou a tradicional feedback loop). “Vamos lançar nossa HI e ver como o universo responde”. Que tal? Parece uma expressão mais minimamente viável.
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