Por Eduardo Fernandes.
Adèle Exarchopoulos ensina os procedimentos de segurança do avião.
Toda vez que preciso fazer viagens internacionais, me pergunto o que pode atrair uma pessoa a trabalhar em companhias aéreas.
Que tipo de personalidade e história de vida leva alguém a querer viver em aviões, aeroportos, dutty-free e seus infindáveis Toblerones? Além de enfrentar constantes mudanças de fuso-horário, escalas de trabalho, etc.?
Vontade de conhecer outros países? Desejo de fugir do seu? Tentativa de ter uma vida mais fluida e relacionamentos mais soltos? Sei lá.
Ainda não assisti a um bom documentário sobre os bastidores de companhias aéreas. Um que mostrasse a rotina das tripulações, sem nenhum glamour. Mas o filme belga Zero Fucks Given (Bem-vindo à Bordo), de 2021, dá uma ideia.
Acompanhamos a rotina de uma comissária de bordo, vivida por Adèle Exarchopoulos. É a atriz perfeita pra esse papel, já que ela tem uma presença linear, meio seca, que contrasta com sua aparência extremamente atraente.
O filme mostra que, aparentemente, existe uma sociedade paralela das companhias aéreas. É um ambiente competitivo e tenso, no qual os funcionários se toleram. E tentam compensar os perrengues saindo pra baladas.
Parece uma experiência bastante particular do que é estar em outro país e viver em outra cultura. O funcionário não visita outro país, necessariamente, mas a cultura de aviação dele.
Se Zero Fucks Given não é, exatamente, um grande filme, ajuda a mostrar como as profissões e tecnologias formam novos microcosmos. Se os países são limitados, as fronteiras e imigrações profissionais não param de se multiplicar.
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