Cancelamento geopolítico
Foto de Michael Dziedzic. Nessa semana, ficou evidente que a lógica do cancelamento, que parecia mais ou menos restrita ao universo da Internet, ganhou poderes geopolíticos. Agora, além de governantes questionáveis, temos de nos preocupar com tropas de pessoas estressadas tendo ideias atrás de teclados. Depois das sanções promovidas pelo governo norte-americano, empresas da big tech se consolidaram como forças paraestatais, cancelando serviços e negócios com a Rússia. Algumas delas agindo radicalmente, para evitar serem consideradas coniventes ou omissas. É o populismo 2.0, "descentralizado", privatizado. O clima de pressão vai se instaurando até chegar a casos ingenuamente engraçados -- como restaurantes deixando de vender pratos russos -- até situações surreais -- como pessoas rejeitando Dostoiévski e marcas de vodca mudando de nome. Definitivamente, entramos numa nova fase do uso da web2 como arma. As redes sociais nos acostumaram a viver o dia inteiro sob a influência de fluxos contínuos de manipulação emocional. De tal forma que até mesmo em lives com análises técnicas e intelectualizadas, os chats se parecem mais com embates verbais entre Hoolligans. Cheios de LETRAS MAIÚSCULAS. Na…
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