Solidão existe?
Você se lembra o começo da quarentena? Parece que foi há um século. É que muitas das preocupações daquela época parecem ter se dissipado um pouco. Por exemplo, para muitos de nós, aquele momento era o primeiro contato com um período de solidão mais longo. E isso parecia ser extremamente ameaçador. Como assim, ficar sozinho durante um tempo, entre quatro paredes? Rapidamente, aprendemos a fugir do assunto. Assinamos isso, consumimos aquilo, ligamos webcams, começamos este e aquele projeto. Isso porque o medo da dor é mais forte que a própria dor, como diria o filósofo carioca, Carlos Lopes. Além de migramos (ainda mais) nosso espaço social para a internet, aprendemos a digitalizar o nosso velho conceito de "companhia cultural". Autores, podcasters, YouTubers etc. viraram nossos companheiros diários – assim como Laerte, Erich Fromm, James Hetfield ou Anna Karina o foram para alguns membros da geração pré-Internet. Mesmo que não exatamente concordemos com eles, mesmo que não nos interessemos plenamente pelas suas obsessões e reflexões, de certa forma, é reconfortante saber que essas companhias culturais digitais estão ali, pingando regularmente em…
Continue →