Site do jornalista e roteirista Eduardo Fernandes

Pra onde vai toda minha grana?

Alô, aqui é Eduardo Fernandes, o ultracrepidarianista mais obstinado da internet. Foi-se o tempo em que monetizar significava apenas "pintar como Claude Monet". É que começou uma nova fase da guerra pelos micro-pagamentos por conteúdo. Faça suas apostas. Do lado esquerdo do ringue estão os novatos da criptografia, com seu NFT. No direito, os veteranos do crowdsourcing (Patreon, Catarse etc.). No meio, os Locatários de Tecnologias (Substack, entre outros). Abaixo, surgem os gigantes da social media (Twitter comprando o serviço de newsletters Revue e lançando seu sistema de "super seguidores", Spotify investindo pesado no áudio). Nas direções intermediárias, os robôs gigantes algoritimicos do Google. Os paywalls mutantes do Medium e da mídia tradicional (New York Times etc.). Vai rolar sangue, amigos. Vai rolar sangue! Debaixo da terra, a cada segundo, são produzidos novos Orcs de Streaming. Não param de surgir combatentes. Alguns novos, alguns reciclando as profundezas dos catálogos de Hollywood. Arrastando-se pelo chão, a velha publicidade, bloqueando seus vídeos, derrubando seu site com banners mal configurados. As editoras estão quase inconscientes, mas não desistem. Finalmente, ainda tentando subir no…

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Como tirar a democracia do fundo do poço digital

Politicians, citizen-scientists, activists, and ordinary people will all have to work together to co-govern a technology whose impact is dependent on everyone’s behavior, and that will be as integral to our lives and our economies as rivers once were to the emergence of early civilizations. Fonte: How to Put Out Democracy’s Dumpster Fire Essa conversa me parece aquele filme Inception: pra preservar a democracia nos Estados extra-digitais (conhecidos como "países"), temos que preservar a democracia dentro dos proto-Estados digitais (redes sociais). Pra isso, será necessário cuidar da democracia dentro das empresas de tecnologia – que não podem ser consideradas como companhias comuns, já que causam um impacto político muito grande. Assim, precisamos de sindicatos. E aí será necessário preservar a democracia neles também. Será que o próximo Zuckerberg terá que ser eleito? Haverá comissões regulamentárias (fiscais) dentro das companhias de tecnologia? Ou teremos que obedecer certas leis governamentais antes de poder entrar numa rede social supostamente gratuita (assim como pedimos vistos antes de entrar num país)? Muitas questões.

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Já foi hackeado hoje?

[audio src="https://anchor.fm/s/4e33e304/podcast/play/27940662/https%3A%2F%2Fd3ctxlq1ktw2nl.cloudfront.net%2Fstaging%2F2021-2-4%2F753ff55a-a322-c9be-3024-c1c280166f53.mp3"][/audio] Ferramenta da Mozilla pra descobrir se seus dados foram vazados Ferramenta de e-mail descartável Sobre o concurso de hackers, Pwn2own Os prêmios da próxima competição Pwn2own Gringo: The Dangerous Life of John McAfee Brazil - The Movie

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Quem tem medo de desacelerar?

Outro dia, escrevi que talvez o tédio venha a nos “salvar”. Era uma provocação, pra ver se despertaria alguma curiosidade. Aparentemente, não rolou. Mas a ideia é a seguinte: passamos as últimas décadas (ou talvez séculos) associando conhecimento com velocidade e quantidade. Mais filmes, livros, experiências e – claro – maior consumo, supostamente, deixariam o sujeito mais esperto. Tanto que há quem chegue ao ponto de ler livros, enquanto ouve podcast e dá uma espiada num vídeo. Tudo em velocidade 2X. Há até programas que, além de acelerar a voz, cortam os espaços entre as palavras. É uma espécie de blast beat cognitivo. Tanta pressa e medo de perder algo que até a respiração atrapalha. Chamam essas coisas de “leitura dinâmica”. Mas não é o exato oposto? Dinâmica não implica variação de ritmo e intensidade? O consumo ansioso de informação está mais pra aquele bip que os monitores cardíacos emitem quando um alguém empacotou. Linear, contínuo, trazendo más-notícias. O engraçado é que, até mesmo os budistas – que são constantemente encorajados a pensar que a morte pode acontecer a qualquer…

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Linkofobia #01

Bom dia. Eu disse que iria dividir a newsletter em duas: opiniões (enviada às quartas) e links (aos sábados, quando der). A ideia é deixar as duas mais curtas e fáceis de fazer. Assim nem você e nem eu ficamos burn out. Então, aqui vão alguns links selecionados diretamente da minha bolha. Tendo sugestões, envie respondendo este e-mail. Obrigado por ler. Eduf Não é que meu antigo podcast com o Eduardo Pinheiro está de volta? Agora chama-se A Hora do Diletante. O Daily Dozen é um aplicativo desenvolvido pelo time do Nutrition Facts, um dos melhores sites pra se aprofundar na dieta e estilo de vida vegano. Lá você encontrará um desafio nutricional, que otimiza sua alimentação pra extrair o máximo de nutrientes com o mínimo de tempo / esforço. Vale tentar. Sou suuuper ranzinza em relação a modas, mas tem uma que me pegou: a das fontes "com formas polêmicas". Ainda que esse visual deva ficar datado em breve, algumas fontes são bem legais. Exemplos: Como a indústria de roupas começa a investir em sustentabilidade. Na lista de leituras:…

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Tipografia contra o racismo

Each typeface highlights a piece of history from a specific underrepresented race, ethnicity, or gender—from the Women’s Suffrage Movement in Argentina to the Civil Rights Movement in America. (…) This is a type foundry for creatives of color who feel that they don’t have a say in their industry. This is for the creative women who feel that they don’t have a say in their industry. This is for the creative that is tired of being “inspired” by the same designs over and over again. Fonte (oops): Manifesto — VOCAL Que tipografia expressa e reflete ideologias, você já sabe (se não, assista ao clássico documentário Helvetica). Assim, a foundry Vocal Type quer criar fontes que representem momentos e personagens históricos além do universo "branco", "homem" e "ocidental". Vamos ver o que surge daí.

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Terapia da Conspiração

[audio src="https://anchor.fm/s/4e33e304/podcast/play/27406976/https%3A%2F%2Fd3ctxlq1ktw2nl.cloudfront.net%2Fstaging%2F2021-1-25%2F28cb6122-36a9-b37e-c991-651177f00965.mp3"][/audio] Conversando sobre o novo documentário de Adam Curtis, Can't Get You Out of my Head e todo tipo de crença conspiratória. Por que acreditamos naquilo em que acreditamos? Recomendado: Land of The Giants, podcast sobre as grandes empresas de tecnologia, nesta temporada, investigando o Google. Mais Eduardo Fernandes Mais Eduardo Pinheiro

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Será que sou a única mulher que não quer parecer ser feita de vidro?

And pimples! I’ve come to think of pimples as communications from my body, alerting me to what it needs. Cysts on my jawline? Time to take a hard look at my hormones. Closed comedones? My skin’s not into my product lineup. Inflamed cheeks? My body might be begging for a vegetable instead of another everything bagel with cream cheese. Even if I could Zamboni the blemishes away, I wouldn’t. They’re sharing need-to-know information, people! Fonte: Am I The Only One Who Doesn't Want To Look Like Glass? - Repeller Procurava por umas referências de design quando me deparei com o artigo acima. Embora não saiba nada sobre estética feminina, consigo me conectar com essa ideia de que as "imperfeições" do corpo são sistemas de comunicação. Depois que se diz assim, parece tão óbvio. Mas, padrões culturais nos cegam pra essas coisas o tempo todo.

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Salvem os psicodélicos

Bom dia. Ontem, esbarrei nesse texto de Tim Ferris. Ferris é um dos mais famosos gurus de produtividade dos últimos 15 anos. Em livros e podcasts, entrevista especialistas e grandes performers de várias as áreas, do mágico David Blane até agentes do FBI, passando por esportistas e cientistas. Tenta descobrir os motivos pelos quias cada um deles é excepcional no que faz. Nas horas vagas, Ferris investe milhões de dólares em pesquisas sobre o uso medicinal de compostos psicodélicos. E é aí que eu quero chegar. O texto é uma das coisas mais involuntariamente estranhas que eu li recentemente. É que, nele, Ferris pede que os atuais interessados na nova moda de psicodélicos segurem o entusiasmo e parem de destruir as fontes naturais desse tipo de substâncias. O texto, em si, é bem-intencionado. Absurda é a situação. Ferris avisa sobre os riscos de usar psicodélicos – inclusive o de acabar na cadeia. Depois, assume o seguinte tom: eu sei que vocês vão abusar mesmo, então, segue uma lista de alternativas sintéticas, pra que vocês não destruam a Amazônia, animais e…

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Wordpress vai virar monopólio?

O Wordpress está crescendo demais? O aplicativo, que já está por trás de 39% de toda a internet, pode se tornar mais uma espécie de Facebook, Amazon ou Google? Ou será "salvo" pelo fato de ser open-source? Que tal perguntar diretamente ao seu principal criador, Matt Mullenweg? Foi o que eu fiz, por e-mail. Matt, que é uma das pessoas mais carismáticas que conheço, respondeu de um jeito melhor do que eu esperava: compartilhou um link pra um debate sobre o assunto entre ele e David Heinemeier Hansson, no podcast Rework. Hansson não faz média: coloca Mullenweg na parede, mostrando como mesmo projetos open-source correm o risco de virar monopólios. Por outro lado, Matt não é um CEO escorregadio, que foge das questões. Vale ouvir. Por mais que eu seja grato à comunidade do Wordpress, poder é poder. E quando você se engaja na mentalidade do "crescimento de mercado", pode ser engolido por ela. Vamos torcer pra que isso não aconteça com o Wordpress. Transcrição completa do episódio aqui.

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