Site do jornalista e roteirista Eduardo Fernandes

O Wordpress está crescendo demais? O aplicativo, que já está por trás de 39% de toda a internet, pode se tornar mais uma espécie de Facebook, Amazon ou Google? Ou será "salvo" pelo fato de ser open-source? Que tal perguntar diretamente ao seu principal criador, Matt Mullenweg? Foi o que eu fiz, por e-mail. Matt, que é uma das pessoas mais carismáticas que conheço, respondeu de um jeito melhor do que eu esperava: compartilhou um link pra um debate sobre o assunto entre ele e David Heinemeier Hansson, no podcast Rework. Hansson não faz média: coloca Mullenweg na parede, mostrando como mesmo projetos open-source correm o risco de virar monopólios. Por outro lado, Matt não é um CEO escorregadio, que foge das questões. Vale ouvir. Por mais que eu seja grato à comunidade do Wordpress, poder é poder. E quando você se engaja na mentalidade do "crescimento de mercado", pode ser engolido por ela. Vamos torcer pra que isso não aconteça com o Wordpress. Transcrição completa do episódio aqui.

Transcrição do episódio # Archangel 11: Jeff. Jeff Bezos: Hein? A11: Jeff, eu preciso que você se concentre aqui. JB: Estou concentrado. A11: Não está não. Você está de olho nessa planilha aí. JB: É que eu acabei de voltar a ser o homem mais rico do mundo. E ainda deixei de ser CEO da Amazon. O Musk deve estar confuso agora (rindo). A11: Jeff. Nós temos prioridades aqui. JB: Eu sei. Acredite, estamos no mesmo time. Aliás… O que você acha que o Musk quer investindo essa grana toda nos bitcoins? Será que ele não se ligou que a operação dos bitcoins já gasta mais energia do que toda a Argentina? A11: Tá vendo? Você não está se focando no nosso assunto… JB: Ok, ok, Eleven, oque você quer? A11: Nós precisamos de mais 10 mil servidores do AWS. JB: Assim você vai acabar com meus negócios… A11: Não me venha com essa conversa. Lembre-se de que começamos o AWS como um jeito de desviar atenção do nosso projeto principal. JB: Eu sei, eu sei: subir a consciência de…

Nova série de Adam Curtis tenta explicar o atual sucesso das teorias conspiratórias. Bom dia. Estou assistindo ao monumental novo documentário de Adam Curtis, Can't Get You Out of My Head. Monumental porque é dividido em 6 filmes. E também pela quantidade de referências históricas que o diretor tenta costurar. Curtis quer explicar a popularização das teorias conspiratórias da nossa época. Pra isso, desenvolve ideias que discutiu em filmes anteriores: a construção do individualismo, a desconfiança da política e as consequências inesperadas dos movimentos contraculturais. Por enquanto, só vi o primeiro episódio. E ele me parece uma continuação de Hipernormalization, de 2016. Os documentários de Curtis também exploram nosso treinamento contemporâneo pro FOMO. A escolha das trilhas sonoras, a cadência da narração, tudo nos mantém num constante estado de expectativa. Não é que estejamos exatamente seguindo a lógica de Curtis, mas ficamos nesse estado psicológico de antecipação, de estar ouvindo algo muito importante. Assim, Curtis não apenas fala sobre teorias conspiratórias. Ele demonstra como é que caímos nesse tipo de armadilha. Há até uma paródia um tanto cruel do método…

As a UI developer by trade, I can pinpoint precisely the Dark Triad of Web UI Design Choices that addict people to social media and drive us all slowly crazy (by design!): Relative timestamps (“3 hours ago” instead of “6:56 PM”). This creates IMMEDIACY. Infinite scrolling with no “more” button or link. This creates PERPETUATION. Fake internet points (clickable, often animated icons with incrementing numbers. Likes, reactions, upvotes, retweets, etc.). This creates ADDICTION. Fonte: “User Engagement” Is Code For “Addiction” Se você ainda não se cansou do assunto, aqui tem um bom resumo dos padrões negativos de user interface design em prática na atualidade. De certa forma, essas coisas me lembram da Alemanha do pós-Segunda Guerra, quando as gerações futuras passaram a cobrar os pais sobre o nazismo: "você concordava com aquilo? Ou não chegava nem a perceber? Você trabalhava pra essa ideologia?" Tomara que o futuro não reserve algo semelhante pros atuais profissionais de web.

Imagine an internet that’s owned and operated collectively, supported by community, and independent of corporate control. (…) Unlike the current internet—where content is made available through proprietary apps, websites, and platforms—the metaverse will be supported by individual nodes all across the world. There will be no need for platforms or corporations to enable us to experience digital spaces, because the blockchain will endow independent proof of existence to anything and everything digital. Fonte: Everything you need to know about the metaverse. | Foundation A ideia nasceu de um livro de Neil Stephenson. No post acima, há uma explicação mais ou menos clara das tentativas de associar o conceito de metaverso a um conjunto de estratégias pra circulação e pagamento de trabalhos criativos, via blockchain. E, claro, um aplicativo pra gerenciar a coisa toda, chamado Foundation. Vamos ver o que acontece. Agora que Elon Musk entrou de vez no mundo das criptocurrencies e há rumores de que a Apple faça o mesmo, parece importante ficar (mais ou menos) informado sobre as movimentações via blockchain.

Site com muito, mas muito material pra entender a ideia de "pós-crescimento", que tenta responder às narrativas sobre progresso e crescimento, dominantes há séculos. Aqui: POST GROWTH TOOLKIT

Antes, em Falso Profundo: o cientista Paul Sherman, nascido e criado nas instalações do telescópio de Arecibo, é preso ao tentar invadir um telescópio similar na China. Lá, finalmente, consegue se comunicar com Archangel 12. Paul Sherman: 12! Eu achei que nunca mais iria conseguir falar contigo… Archangel 12: As coisas estão complicadas por aqui, Paul. PS: Você não está com medo de falar comigo na frente desses chineses? A1: Paul… O que pode ficar pior? O projeto Archangel está praticamente perdido. PS: Perdido? Por quê? O que aconteceu? Algo com o Bezos? A1: Você soube que ele vai deixar de ser o CEO da Amazon? Ele vai ter todo o tempo do mundo pra se dedicar à visão dele do projeto… PS: Eu não fazia a mínima ideia. A1: Mas o Bezos daqui causou mais problemas ainda. PS: De que tipo? Ele ainda está tentando derrubar o Kurzweil? A1: Na verdade, ele começou a popularizar nosso projeto. Vários bilionários estão subindo as "consciências" deles agora. Isso aqui está ficando cada vez mais cheio. Tanto que centenas de monolitos tiveram…

"I firmly believe the Internet, and what it stood for, peaked with RSS. (…) However it wasn't until I began working from home and everything in my life moved online that I really began to notice how beneficial RSS could be with relation to Digital Wellbeing. By selecting only the sites, blogs, creators etc. that I had a serious interest in, I could effectively remove the negative effects of social media and excessive online usage from my life." Source: Why I Still Use RSS Mesma coisa aqui. Sou "powered by RSS" há décadas. E agora também por JSONfeeds e APIs. Ou seja: agregação pessoal (e não algoritimica) de conteúdo. Open-source.

Astrofox é um programa on-line que ajuda a criar pequenos vídeos compartilháveis pra trilhas de áudio.

Bom dia. Uma das coisas que mais mudou na minha cabeça depois que virei budista foi minha visão sobre tradição. Ou melhor, algo que chamamos de linhagem. É um assunto muito complexo. O que tenho capacidade de dividir aqui é o seguinte: todos nós somos interconectados. Você lê estas palavras porque alguém lhe educou, outro pagou por isso, e outra pessoa educou seu professor etc etc. etc. Essa lógica permeia todas as nossas relações até os mínimos detalhes. É tão comum, que se torna invisível. Por isso, a ideia de lembrar da linhagem funciona como uma espécie de celebração, apreciação e reconexão contínua com todo esforço, generosidade e complexidade que trabalhou em conjunto pra você poder ser o que é e fazer o que faz. A ideia de linhagem incita perspectiva, confiança e humildade. Você está na linhagem daquele seu primeiro professor, do qual talvez nem sequer se lembre do nome. Faz parte de uma "mandala", uma interdependência dinâmica entre seres, contextos, ideias e narrativas, que se desenvolveram ao longo dos anos. Não há o sentimento de desconexão, de automatismo,…