Site do jornalista e roteirista Eduardo Fernandes

Falso Profundo #9 - O bebê mais importante da história

Falso Profundo é um trabalho de ficção. Ainda que use nomes de pessoas reais e algumas situações históricas reconhecidas como verídicas, não tem o objetivo de acusar ninguém ou criar teorias da conspiração. A ideia é mostrar cenários absurdos e exagerados, que nos façam refletir melhor sobre conceitos e objetivos que permeiam a nossa época. O dia começou de um modo estranho pra Elon Musk. Ele acabara de receber a confirmação de que agora era o homem mais rico do planeta. Mas isso não o deixava exatamente feliz. Sentado sozinho no porão da casa que um dia fora do ator Gene Wilder, Musk sentia-se ansioso, movendo os pés de um jeito contínuo, como se estivesse tocando o bumbo de um kit de bateria invisível. "Vamos ver o que o Jeff vai fazer agora", murmurou pra si mesmo. Referia-se a Jeff Bezos, dono da Amazon. "Na verdade, tô cansado dessa brincadeira. Eu deveria estar gastando tempo em chegar a Marte, não ficar jogando xadrez financeiro com geeks de meia idade… Mas, enfim, tarde demais. Agora é esperar o próximo movimento do…

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Ultracrepidarianismo

E a palavra do dia é… ultracrepidarianismo. Como é? Ultra-crepi-daria-nismo. Significa "dar conselhos ou opiniões mesmo sem entender o assunto em questão". Quem nunca? De modo geral, parece uma extensão natural da conversa fiada. Ou melhor, conversa phatica, aquela que tem funções como "azeitar" as relações sociais, quebrar o gelo, criar um clima de empatia e aceitação. Funciona assim: (Imagine um elevador pré-COVID.) – Será que chove hoje? – Não sei. Você viu a previsão do tempo? – Não confio nessas coisas. Dizem que a chance de acerto é só de 50%. – Pois é… qualquer coisa vale. Você sai de casa sem o guarda-chuva e depois fica doente. – Mais aí é só passar óleo de urucum no peito. E pode enfrentar até dilúvio. – Óleo de urucum? – Sim. Os índios é que sabem das coisas. Vivem pelados no meio da Mata Atlântica e nunca pegam resfriado. – Ah. Entendo… Notou a transição? Rapidamente, a conversa phatica vira utracrepidarianista. É um hábito muito automático. O passo seguinte pode ser o famoso e polêmico Efeito Dunning Krueger: a arrogância…

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Leão ou cachorro?

Screenshot do site de uma importande editora norte-americana Interessante como o marketing de livros está cada vez mais parecido com o de música. Pelo menos o praticado pelo Spotify: Já ouvi dizer que não temos mais uma "realidade compartilhada", vivemos cada um na sua própria bolha. Parece que a cultura de massas acabou. Mas isso está longe de ser verdade. Há um ambiente discursivo que permeia (e permite) praticamente todas as nossas bolhas. Bolhas só existem por causa do ar, certo? Mesma coisa aqui: cedo ou tarde, até mesmo os nichos mais específicos precisam se misturar com o discurso de marketing atual. Uma pessoa é integrante do QAnon, outra do partido comunista. Ambas usam o Twitter. Onde está a cultura de massa e o "discurso compartilhado"? Nas metáforas, nos estilos de textos, nas expectativas, mecanismos e objetivos da indústria cultural digital. Como diria um ditado tibetano, quando você joga um graveto pra um cachorro, ele tende a correr atrás disso. Quando joga pra um leão, ele tende a corre atrás de você. Ou seja: em vez de mirar nos assuntos,…

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Falso Profundo #7 - Archangel 12

Paul Sherman mentiu: ele gravou um áudio contando tudo o que sabia sobre Archangel 12. "Isso" seria nada menos do que a consciência de Elon Musk, armazenada na Internet?

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Falso Profundo #6 - Turismo na China

Após a destruição do telescópio de Arecibo, em Porto Rico, o astrônomo e engenheiro, Paul Sherman, tenta invadir um telescópio similar, na China, na esperança de entrar em contato com Archangel 12. Mas é pego e interrogado pelo governo local.

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