Skip to main content
eduf.me

Pra onde vai toda minha grana?

Pra onde vai toda minha grana?

Por Eduardo Fernandes.

Alô, aqui é Eduardo Fernandes, o ultracrepidarianista mais obstinado da internet.

Foi-se o tempo em que monetizar significava apenas "pintar como Claude Monet". É que começou uma nova fase da guerra pelos micro-pagamentos por conteúdo. Faça suas apostas.

Do lado esquerdo do ringue estão os novatos da criptografia, com seu NFT. No direito, os veteranos do crowdsourcing (Patreon, Catarse etc.). No meio, os Locatários de Tecnologias (Substack, entre outros).

Abaixo, surgem os gigantes da social media (Twitter comprando o serviço de newsletters Revue e lançando seu sistema de "super seguidores", Spotify investindo pesado no áudio).

Nas direções intermediárias, os robôs gigantes algoritimicos do Google. Os paywalls mutantes do Medium e da mídia tradicional (New York Times etc.).

Vai rolar sangue, amigos. Vai rolar sangue!

Debaixo da terra, a cada segundo, são produzidos novos Orcs de Streaming. Não param de surgir combatentes. Alguns novos, alguns reciclando as profundezas dos catálogos de Hollywood.

Arrastando-se pelo chão, a velha publicidade, bloqueando seus vídeos, derrubando seu site com banners mal configurados. As editoras estão quase inconscientes, mas não desistem.

Finalmente, ainda tentando subir no ringue, as gambiarras de sistemas improvisados, grudados com Durepox – como os que eu mesmo uso, Pix, PagSeguro e Picpay.

Os guerreiros são múltiplos, o objetivo é único: capturar nossos vintens. É a nano-economia: gerenciar pequenas quantias de dinheiro, segundos de atenção e detalhes tão pequenos de nós dois (capturados pelos onipresentes cookies e trackers).

Quantas assinaturas você tem? Incluindo as zumbis (o "teste grátis" que não foi cancelado). Na verdade, elas funcionam mais como pernilongos: dão uma picada incômoda no cartão de crédito, mas, como aparecem só de vez em quando, procrastinamos pra lidar com elas.

Falando assim, parece que somos todos eruditos ou monges da Idade Média. Mas não é bem o caso. Quanto desse conteúdo consumimos, efetivamente? A maioria dos meus conhecidos, acaba gastando tempo mesmo é no YouTube, presa num loop, até que a baba escorra e caia no teclado. Ou que a pessoa sinta-se tão esgotada que cai no sono.

Quanto tempo até surgirem aplicativos agregadores de assinaturas e gerenciadores de vinténs? Algo que ajude a definir se estou aproveitando mesmo aquelas despesas.

Imagine esse cenário absurdo: Ray Bradbury encarna em alguém da Geração Z e escreve um livro no qual as pessoas estão tão absolutamente cansadas de entretenimento, que elas se voluntariam pra trabalhar 16 horas por dia em fábricas de tecido. “Eu não aguento mais entretenimento! Por favor, alguém me passe um emprego de encanador (em especial no Texas)”.

Estou só brincando. Mas vai saber. Tudo pode enjoar, cedo ou tarde.


Planejando o consumo de informação #

Só pra tentar tornar este texto útil, segue a minha política de gasto com conteúdo, em ordem de prioridade:

  1. Traduções do meu autor preferido.
  2. Suportar criadores independentes compatíveis com meus valores e ideologias.
  3. Agregadores independentes de conteúdo (por exemplo, em vez de Audible, OverDrive).
  4. Apenas um serviço de streaming (no meu caso, Mubi).
  5. O resto vou decidindo conforme a necessidade (que livros comprar etc.)

Fundamentalmente, é preciso haver um budget, um teto de tempo e dinheiro que pode ser gasto com entretenimento / conteúdo. Sem regras, a criança aqui fica miserável (no sentido emocional e no financeiro).


MonoEstéreo #

O mito da inovação #

O que há por trás dessa que deve ser a palavra mais cultuada dos últimos 3 séculos?


Ajude a preservar seu produtor cultural local #

Qualquer quantia me ajuda a ter mais tempo pra produzir mais e melhores trabalhos pra internet.

Transferência única #

Assinatura mensal #


Programação semanal #

Na internet #

Obrigado por ler.

Abraço, Eduf.

Mais em Eduf.me #


Siga a newsletter Texto Sobre Tela e receba textos como esse em sua caixa postal.