O filme que previu nossas vidas
Tiozinho que fica alugando os outros com suas teorias conspiratórias, em cena de Slacker. Quando falamos sobre filmes proféticos, de modo geral pensamos no gênero sci-fi. Mas quem diria que uma obra, digamos, vagabunda, como Slacker conseguisse prever muito do clima social em que vivemos hoje? Slacker é um filme de 1991, dirigido por Richard Linklater. Não têm história. O espectador apenas acompanha rápidos trechos de conversas de transeuntes, durante um só dia na (então icônica) cidade de Austin, Texas. Como lembrou o crítico Roger Ebert, Linklater usa um método narrativo surrealista consagrado por Luís Buñuel: seguir um personagem por apenas alguns minutos e, assim que ele interage com outro, migramos para este. A sensação é a de estar espiando um fluxo de interações superficialmente. Soa familiar? É mais ou menos a experiência de aplicativos como o TikTok. Ou da cultura do scroll infinito. A diferença é que, em Slacker, não é preciso dar swipe. E, pasme, todo mundo conversa nas ruas, não por meio de telas. As pessoas gostam de falar, mas parecem não se ouvir. Discursam infinitamente sobre…
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