Site do jornalista e roteirista Eduardo Fernandes

Quando a economia da paixão dá errado

E não é que as confusões na Basecamp continuam? Agora, um terço dos seus funcionários pediu demissão – claro, acompanhado de vários posts de despedida no Twitter. Caso você não tenha lido meu texto da semana passada, a bagunça se estabeleceu depois dos diretores proibirem os empregados de debater sobre política nos "espaços públicos digitais" da companhia. Mas voltei ao assunto por outro motivo. É que o Basecamp é um exemplo clássico de projeto indie. Está completamente associado ao esforço, à paixão e aos "estilos" dos fundadores, Jason Fried e David H. Hansson. Portanto, pode ser enquadrado na chamada passion economy, uma das expressões mais amadas na área de tecnologia. Bem diferente do caso "Tom, do MySpace", que está mais pra "traidor do movimento" ou "me compra, Big Tech!". Tom Anderson até começou na paixão, tanto que, automaticamente, era o primeiro amigo de todos os que entravam naquela velha rede social. Mas deu um vazare antes dos problemas surgirem. O engajamento de Fried e Hasson tende a ser considerado mais nobre que a saída estratégica de Anderson. Pelo menos até…

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Ted Gioia por e-mail

Talvez você já saiba que Ted Gioia é um dos mais importantes historiadores e divulgadores do jazz em atividade. Entre seus textos clássicos, estão Music: A Subversive History, The History of Jazz e How to Listen to Jazz. Este, em especial, recomendo pra qualquer pessoa com interesse em música, não só em jazz. O livro traz análises curtas e diretas, mostrando como expandir a audição e entender o conteúdo subversivo que pode existir em movimentos musicais (fica melhor ainda se lido em parceria com Como Funciona a Música, de David Byrne). Mas, enfim, a ideia aqui é contar que Gioia agora também tem uma newsletter.

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Luta de classes digital

Parece que o bicho está pegando no Basecamp. De acordo com um artigo do The Verge, já faz alguns anos que os funcionários da empresa debatem sobre questões como diversidade e racismo. Essas discussões eram encorajadas pelos diretores, Jason Fried e David H. Hansson. Mas, agora, eles publicaram um manifesto declarando um "basta!" Empregados somente poderão debater política e sociedade em seus espaços pessoais de publicação. Rápido contexto. Basecamp é uma pioneira no mercado de aplicativos pra gerenciamento de equipes trabalho. Surgiu bem antes de Slack, Microsoft Teams, entre outros, ficarem conhecidos. Os diretores escreveram vários livros e inúmeros posts em blogs sugerindo técnicas pra manter uma empresa saudável e funcionários felizes. Foram alguns dos primeiros a defender o trabalho remoto, numa época em que isso era visto com extrema desconfiança. Então, o que aconteceu? Afinal, Fried e Hansson eram hipócritas? Suas ideias estavam erradas? Não exatamente. Aconteceram 10 anos de redes sociais. É claro que, nos EUA, os trabalhadores da área de tecnologia (digital) estão acordando de seus sonhos coloridos e cheios de snacks. Exigem seus direitos, enxergam as…

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Investigando minhas procrastinações

Dizem que investigar as maneiras como você procrastina pode ser uma excelente ferramenta de autoconhecimento. E até de planejamento de carreira. Concordo. Mas é complicado. De modo geral, procrastino consumindo conhecimento. Desde criança. É um costume tão arraigado, que, basicamente, virou o centro da minha identidade. Mas, a partir daí, as procrastinações viram contextuais: dependendo do que tenho a mão. Se tenho um computador à frente, geralmente vejo vídeos. Se estou no celular, leio notícias. Se não há internet, brinco com configurações. Se não há o que configurar, investigo interfaces. Um nível mais "engajado" de enrolação – que leitores habituais do Eduf.me, talvez, já tenham percebido – é entender aplicativos e interfaces pra depois incorporar recursos no site. Por exemplo, ando obcecado com o Roam Research. Não que eu vá usá-lo, mas tentei trazer alguns dos recursos do programa pro site. Essa obsessão também mudou um pouco meu jeito de escrever, bem como de classificar e pensar o conteúdo. E vários detalhes estão por vir. Nerdismos. A verdade é que já não sei mais se gosto de escrever ou de…

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Celestial soul music

Tentei encontar um jeito melhor de descrever a música de Eddie Chacon. Mas pra quê, se ele mesmo já resolveu o assunto? "Celestial soul music" é o termo perfeito pro disco Pleasure, Joy and Happiness. Muitos reverbs, sintetizadores e romantismo.

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Tipofobia #02

Beatrice é a irmã descolada. Beatrice Display, a tia louca, revolucionária na juventude. Specimen aqui. Como descrever Almarena Display? É uma fonte "escorregadia grotesca"? Note o R maiúsculo e o S. O combate ao COVID-19 na Índia vai de mal a pior. Dá até uma certa dor na consciência de mostrar o site Fifty Two, com histórias do país que raramente vemos na mídia. Mas, enfim, é um excelente design. Não posso deixar passar. Old Book Illustrations traz centenas de ilustrações gratuitas pra usar naquele seu projeto de livro do século 19.

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2 podcasts pra ajudar a pensar diferentemente

A seguir, dois podcasts que mexeram com as minhas ideias nessa semana. Clique na seta e expanda os tópicos, se quiser ler meus comentários. Sobre a queda (e mutação) de algumas das principais civilizações que um dia já governaram partes do planeta, como Incas, Romanos, entre outras. Por que é legal Cada episódio tem cerca de 3 horas de duração e tenta descrever como era viver naquele determinado momento de transformação cultural, política e ecológica. Trabalho monstruoso de pesquisa do jornalista Inglês, Paul M.M. Cooper, que – veja bem – é PhD em significância literária e cultural de ruínas. A edição de áudio e storytelling também são bem interessantes. Os textos fluem no estilo de audiobooks de ficção. Cooper também mantém um canal de YouTube, no qual os textos são acompanhados de imagens das ruínas das civilizações enfocadas no podcast. Eu nunca saio exatamente o mesmo após entrar em contato com as intervenções culturais de Noam Chomsky. Uso esse termo, porque, seja em livros, vídeos ou simples entrevistas como essa, Chomsky sempre quebra alguma das minhas convicções. Não foi diferente…

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Inteligência artificial, essa terapia coletiva

Às vezes, as notícias sobre Inteligência Artificial são um tanto engraçadas. Por exemplo, as ferramentas do Google, perdidas na tradução, confundindo termos jurídicos e palavras fora do contexto. "Ah, esses humanos… Eu não aguento, eles usam as mesmas palavras pra dizer coisas opostas!" Aqui estamos nós, empreendedores e pesquisadores, tentando ensinar máquinas a resolver problemas que não sabemos solucionar. Percebendo nossa ingenuidade, já que as coisas aparentemente mais simples são, na verdade, muito complicadas. Em especial politicamente. Ao programar algo que chamamos de inteligência, nos descobrimos um tanto burros. Faz parte. Algumas coisas ficam vergonhosamente claras. Por exemplo: não é por acaso que, há milhares de anos, debatemos o que, afinal, é inteligência, de onde ela vem, quais são os seus limites e preconceitos. Humanos não se resolvem a golpes de neurociência e encadeamentos lógicos. Literatura, psicologia, filosofia, antropologia, economia etc., não surgiram porque os humanos estavam entediados, sem sinal de Internet. Há uma gigantesca cadeia de complexidades envolvidas até mesmo no ato de levantar um cascalho do chão. Manejamos da gravidade até as posturas físicas, que aprendemos dos padrões…

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Comentando O Som do Silencio

Já faz um bom tempo que assisti ao O Som do Silêncio, sobre um baterista de noise rock que começa a desenvolver problemas auditivos. Na época, até gostei do filme, mas não me empolgou muito. Obviamente, achei o trabalho de som e edição excelentes, mas aplicado a uma história de redenção um tanto fraca. Vamos reconsiderá-la juntos. Enfim: bom filme. Mas fica bem melhor depois das explicações e análises sobre a edição. Vídeos abaixo.

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