Coisas que eu gostaria de ter aprendido antes
Uma reflexão entre uma comida murcha de aeroporto e outra. Quem é que não gosta de textos do estilo “coisas que eu gostaria de ter aprendido antes”? É um gênero literário único. Vive numa espécie de limbo entre a arrogância, a humildade, a ingenuidade e a afetação. Não há como escrevê-los sem soar canastrão. Ainda assim, é um exercício interessante. Do ponto de vista do escritor, ajudam a transmutar arrependimentos e ressentimentos. Na melhor das hipóteses, em algo pragmático, como diretrizes, listas de afazeres. Na pior, levam à ingênua crença de que o autor superou algo, que passou de fase. Qualquer pessoa que tenha experiência em tentar mudar hábitos, sabe que essa é uma tarefa longa. E enganosa. É que hábitos têm diversas camadas. Têm conexões e gatilhos não-intuitivos, não-lineares, espalhados por muitos aspectos da vida da pessoa. São interconectados em redes, influenciando e sendo influenciados por vários sistemas e percepções. Assim, os textos de autoavaliação pública podem tanto virar um retrofit de si, quanto self-washing (mudança mentirosa, só na embalagem). Mas, do ponto de vista do leitor, quase sempre…
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