Semana passada, depois dos anúncios da Apple no WWDC, o jornalista Rodrigo Ghedin relatou que desenvolveu uma espécie de fadiga de novidades. Quem não? Minha hipótese aqui é que esse cansaço indica uma mutação pré-decadência de um estilo de indústria cultural. Uma ressaca de tanta velocidade, de tantas requisições por atenção. Mas, espera aí: não estamos falando sobre tecnologia? Por que a expressão "indústria cultural"? Explico. Por volta de 1440, Gutenberg inventa o sistema mecânico de tipos móveis. Isso possibilita a criação da Imprensa, a produção e distribuição de conhecimento em ritmo industrial. Passamos a acreditar que devemos adquirir e processar cultura em ciclos regulares de tempo, o que chamamos de periodicidade. Criamos os hábitos de consumo industrial de informação e, consequentemente, a obsolescência cultural programada ("daily", "breaking news"), os avós dos atuais updates. No pós-Segunda Guerra Mundial, há um grande salto no estilo e velocidade da indústria cultural, com a consolidação da indústria do entretenimento, Hollywood, rádio, TV, publicidade, jornalismo cultural e tabloidismo. Nessa época, também surgem os embriões das versões contemporâneas das Fake News e do mercado de…
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