Site do jornalista e roteirista Eduardo Fernandes

O suave caos sonoro vindo de Londres

black midi (assim mesmo, com letras minúsculas) é uma banda londrina formada em 2017. É um tanto difícil descrever seu som. Noise rock? Jazz fusion pesado? Baladas de cabaré? Art pós-punk? Frank Zappa da Geração Z? Rick & Morty da música? Cabe tudo. A banda vem fazendo uns clipes incríveis, numa interpretação interessante da estética psicodélica. Mas é no show abaixo, para rádio KEXP, que temos uma noção do poder do seu som. Assista aí. Link para o álbum Cavalcade, de 2021, completo.

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Raspberry Pi para presidente

[audio src="https://anchor.fm/s/4e33e304/podcast/play/36580561/https%3A%2F%2Fd3ctxlq1ktw2nl.cloudfront.net%2Fstaging%2F2021-6-2%2F070af138-71a3-9e23-7e51-6066726996cb.mp3"][/audio] Fazendo suas compras regulares da Amazon via esse link afiliado, você ajuda o podcast (sem perder suas promoções, dados, Prime. E sem que os diletantes saibam o que você compra).

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6 cenários para o futuro da criação de conteúdo

Pelo título, parece até que essa é uma daquelas newsletters úteis. Mas, naah. É que, por algum débito cármico, ontem topei com o texto "1,000 True Fans? Try 100", publicado no novo site da mega empresa de investimento em tecnologia, a16z. Fiquei um tanto confuso. Como é? Agora não preciso mais de mil fãs? Caiu para 100? Isso facilita ou complica minha vida? Não entendo direito esse misterioso gênero de literatura, as "Estatísticas de Países Desenvolvidos". (...) No Patreon, a média da mensalidade inicial aumentou 22% nos dois últimos anos. Desde 2017, a parcela de novos patrocinadores pagando mais de U$ 100 mensais – ou US$ 1,200 por ano – cresceu 21%. No Podia, o número de criadores arrecadando mais de US$ 1 mil por mês vêm cresendo 20% ao mês, enquanto que a média de consumidores por criador cresce a 10%. Similarmente, no Teachable, o preço médio por curso vem crescendo 20% ao ano. Em 2019, cerca de 500 criadores de cursos no Teachable fizeram mais de US$ 100 mil; desses, 25 mais de US$ 1 mil por venda.

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Cê tá pensando que eu sou Loki?

Parece que o algorítimo do YouTube quer que eu assista ao Loki, novo seriado da Marvel. Nada contra, mas fica para a próxima. Ainda assim, acabei vendo alguns comentários de Youtubers sobre múltiplos universos, um assunto que me interessa e que parece ser importante na série. Não é de se espantar que as narrativas sobre múltiplas realidades estejam na moda. Parece um reflexo da época da pós-verdade e das bolhas de informação. Um tempo de fé cega na desconfiança – seja do governo, das corporações, da ciência até da comunicação interpessoal. A relação está desgastada, Mô. Passamos por muitas coisas juntos. A suposta polarização ideológica da guerra fria, o fim da história, o cinismo nos anos 80 e 90, o culto ao deus mercado, etc. Porém, quando se examina cada uma dessas épocas de perto, as grandes explicações se dissolvem. E os multiversos, dentro desse aqui mesmo, ficam evidentes. A Internet apenas facilitou o processo de percebê-los. Hoje é relativamente mais simples de entender (e de se espantar) que consigamos interpretar e viver as coisas de modos tão diversos. Vide…

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Sacaneando a si mesmo

[audio src="https://anchor.fm/s/4e33e304/podcast/play/35728813/https%3A%2F%2Fd3ctxlq1ktw2nl.cloudfront.net%2Fstaging%2F2021-5-18%2Ff0970b35-38c6-b93c-8352-2568aef3f7e1.mp3"][/audio] Citados no episódio # Bo Burnham na Wikipedia The Guardian sobre o filme Bo Burnham Inside Galaxy Brain sobre o filme Shiva Baby Hara-Kiri

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Além da fadiga de novidades

Semana passada, depois dos anúncios da Apple no WWDC, o jornalista Rodrigo Ghedin relatou que desenvolveu uma espécie de fadiga de novidades. Quem não? Minha hipótese aqui é que esse cansaço indica uma mutação pré-decadência de um estilo de indústria cultural. Uma ressaca de tanta velocidade, de tantas requisições por atenção. Mas, espera aí: não estamos falando sobre tecnologia? Por que a expressão "indústria cultural"? Explico. Por volta de 1440, Gutenberg inventa o sistema mecânico de tipos móveis. Isso possibilita a criação da Imprensa, a produção e distribuição de conhecimento em ritmo industrial. Passamos a acreditar que devemos adquirir e processar cultura em ciclos regulares de tempo, o que chamamos de periodicidade. Criamos os hábitos de consumo industrial de informação e, consequentemente, a obsolescência cultural programada ("daily", "breaking news"), os avós dos atuais updates. No pós-Segunda Guerra Mundial, há um grande salto no estilo e velocidade da indústria cultural, com a consolidação da indústria do entretenimento, Hollywood, rádio, TV, publicidade, jornalismo cultural e tabloidismo. Nessa época, também surgem os embriões das versões contemporâneas das Fake News e do mercado de…

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Padrões obscuros

[audio src="https://anchor.fm/s/4e33e304/podcast/play/35291793/https%3A%2F%2Fd3ctxlq1ktw2nl.cloudfront.net%2Fstaging%2F2021-5-11%2Fa3a7e08e-c818-4519-cafe-2c2b1bd4b7cf.mp3"][/audio]

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Doenças da conveniência

Aos poucos, os ciberataques começam tomar o lugar do terrorismo “tradicional”. São grupos ou técnicas que se escondem nos pontos cegos da sociedade e que, periodicamente, submergem, causando um tremendo caos. Ataques como o do REvil são uma espécie de subproduto de três fenômenos: Assim, o terrorismo (digital ou não) é, essencialmente, uma doença da conveniência e do crescimento: comunidades gigantescas, muitos processos gerenciais abstratos, múltiplas camadas de alienação. Muitos pontos de fragilidade a serem explorados. É claro: gostamos quando alguém simplesmente resolve os nossos problemas. De Deus até o entregador da Amazon. Até nos dispomos a algum nível de compromisso: pagar boletos, rezar alguns minutos por dia. Também exercemos um papel no contrato social da conveniência: às vezes, nós somos o resolvedor dos problemas alheios. Você cuida da minha ignorância e eu da sua. Isso deveria funcionar. Deveria. E funciona. Ainda assim, existem inúmeras falhas e consequências invisíveis no gerenciamento da conveniência. O tempo todo. É isso que grupos como o REvil revelam: vivemos numa frágil ilusão de eficiência. É uma espécie de transparência forçada. Ataques terroristas e hackings…

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A crise nos banheiros

[audio src="https://anchor.fm/s/4e33e304/podcast/play/34833021/https%3A%2F%2Fd3ctxlq1ktw2nl.cloudfront.net%2Fstaging%2F2021-5-4%2Fba76ce67-5f78-9795-aad3-18ee4ff5133c.mp3"][/audio] Citados no episódio # Podcast 99% Invisible: Pipe Dreams Livro Pipe Dreams: The Urgent Global Quest to Transform the Toilet, de Chelsea Wald.

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Invadindo os bastidores

Na comunidade do Eduf.me no Telegram, o Gabriel Pardal me pediu pra falar sobre os bastidores do meu trabalho de produção de conteúdo. É uma excelente oportunidade pra nerdear sobre meus Processos Gambiárricos e contraption machines (tipo essa). Vamos lá. Supostamente, o uso de ferramentas responde às demandas dos estilos de vida. Então, você precisa saber algumas coisas sobre mim. Moro num monastério budista leigo (sem monges). Isso faz com que minha vida seja praticamente um Groundhog Day, uma repetição de várias rotinas, associadas a horários bem regulares. Sério: se um dia você quiser jogar um míssil na minha cabeça, não vai precisar de um supercomputador pra calcular as minhas coordenadas. Uma planilha do Excel já resolveria. Em tese, posso lhe dizer onde estarei (e até que palavras pronunciarei), em cada horário do dia. Como praticante, esse é um assunto com o qual terei de lidar cedo ou tarde, já que rotinas tendem a reforçar o apego à identidade e causar uma falsa segurança, que pode vir a ser perigosa. Por isso, professores realizados, como Mingyur Rinpoche, às vezes largam…

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